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Divulgação: WARNER BROS. |
Crítica: Sinners - A obra se eleva como um musical disfarçado, impregnado de subtextos.
Admito que parti de uma posição bastante privilegiada antes
mesmo de assistir ao filme. Não sabia absolutamente nada sobre o enredo, os
personagens ou mesmo o elemento sobrenatural. A única informação que eu tinha
era: O filme é bom. Muito bom.
Michael B. Jordan, como muitas superestrelas de Hollywood,
sinalizam uma obra preguiçosa. Não que eu tenha algum tipo de aversão ou
desprezo por blockbusters — nada disso. A verdade é que simplesmente não
costumo gastar muito do meu tempo assistindo a filmes. Então, quando assisto,
prefiro escolher aqueles que são considerados pela maioria, realmente bons.
E quando crio esse tipo de expectativa em relação ao que
estou assistindo, acabo analisando tudo com um olhar ainda mais crítico. Um bom
exemplo disso é o quanto achei Anora
pouco impressionante. Divertido? Sim. Mas o 'melhor filme do ano'? Fosse uma
recomendação menos enfática, certamente seria mais apreciado.
Quando Sinners começou,
tive a sensação de que estavam despejando óleo no motor sem acioná-lo. Certo —
os personagens são, de fato, interessantes, carismáticos. Mas para onde tudo
isso está indo? Com que propósito? Em certos momentos, parece que vão puxar a corda,
o motor ameaça ganhar vida, mas logo volta ao zero. Eis o maior defeito do
filme: um ritmo um tanto desajeitado.
Mas logo percebi, os Vingadores estão sendo reunidos para um
ato bombástico. Todos os caminhos convergem a um só lugar.
Uma primeira parte melhor
no fim
Sinners é um
musical. Embora muitos possam sair da sala sem se dar conta disso. As canções
surgem de forma orgânica, entrelaçadas aos acontecimentos. Isso não é mérito,
ou demérito. Mas dado o produto e sua proposta, é a batida certa. Os números
musicais são marcantes. Mesmo quem não costuma apreciar
filmes do gênero dificilmente vai se incomodar. (A montagem da cena onde a música transcende o tempo, é de fato,
transcendente)
À medida que se aproxima do fim, o primeiro ato — interessante,
ainda que de ritmo contido — ganha força, quando os arcos começam a ganhar
forma e se revelam.
O protagonista — ou melhor, os protagonistas — são figuras
extremamente carismáticas. Daquele tipo que você simplesmente quer acompanhar.
Moralmente cinzas, charmosos e em nítido contraste com o ambiente.
E mesmo o elenco de apoio, ainda que menos cintilante, é composto por
personagens dignos de serem chamados indivíduos — e não meras engrenagens a
serviço do enredo.
O sobrenatural ancora
o filme
É o fator sobrenatural que faz deste filme o que ele é. É
sua marca identitária, seu ponto de interesse. É isso que permanecerá na
memória quando voltarem a falar dele no futuro. Sempre vejo com bons olhos
quando um filme abraça sua natureza e não se envergonha de ser o que é. No
entanto, curiosamente, o sobrenatural não parece ser, aos olhos da própria
obra, seu eixo central, nem seu elemento mais importante. Tampouco há a
intenção de expandir sua mitologia sobre vampiros ou explicar seu
funcionamento. Pouco sutil, essa contradição é curiosamente saborosa.
Os vampiros, bem... são vampiros. Não gostam de alho, só
entram quando convidados. O filme assume que você já conhece esses estereótipos
—não precisa explicá-los. E esse é, ao meu ver, um trunfo.
Um novo clássico
blockbuster
Sinners tem muito a dizer, e você deve experimentá-lo por si.
Não sou crítico de cinema — pelo menos, não um profissional. Mas é nítido que
há problemas na condução de um ritmo apropriado para a história. A fotografia é
bonita, mas não é nenhum Nosferatu de Eggers.
É gostoso de acompanhar (e você não vai querer perder um minuto), mas, ao mesmo
tempo, vai perceber que a história se arrasta um pouco mais do que o
necessário. Talvez demore demais para começar, e, quando finalmente começa,
demora para terminar. As piadas funcionam! E a caracterização dos vilões é
muito boa. (A construção, especialmente do Remmick, é realmente excelente).
A exploração de temas sensíveis é feita de forma natural,
sem pretensões professorais. O filme não tenta, a todo custo, te educar sobre o
que já te deveria ser óbvio. Jordan Peele certamente surge como uma grande
fonte de inspiração aqui. E o final é bom, algo que tenho notado ser um fator
determinante aos olhos do público.
Então, mesmo que não seja perfeito, é um excelente exemplo
do que deveria ser um bom filme de Hollywood. Tem conteúdo, mensagem, entretém
e, sem dúvida, não é desprovido de alma.
É um bom filme.
NOTA FINAL: 1800 / 1990
Heitor
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