Se resta dignidade, é um adeus

 

                O ciclo de Gabriel Barbosa no Santos chegou ao fim. Pelo menos, assim deveria ser.

Gabriel será jogador do Cruzeiro em 2025. O atleta vinha de uma sequência de temporadas decepcionantes com a camisa do Flamengo, que optou por não renovar seu vínculo. Apesar disso, seu histórico vitorioso atraiu o interesse de grandes equipes da elite do futebol, como Santos e Palmeiras. No entanto, Gabriel optou pelo projeto ambicioso do modesto Cruzeiro, time de Minas Gerais que está em ascensão.

Aos 28 anos, Gabriel já apresenta sinais de declínio físico e números abaixo das expectativas. Parte da torcida do Flamengo clamou pela renovação, apegando-se à esperança de que o ídolo pudesse ressurgir das cinzas. Porém, outra parte significativa reconheceu que seu ciclo no clube havia terminado e que ele não tinha mais condições de competir em alto nível, especialmente em um Flamengo que, nos últimos anos, tem disputado títulos com altíssima exigência.

O Santos, clube onde Gabriel foi formado (e pelo qual ele afirma torcer), igualou a proposta do Cruzeiro. Contudo, o atleta considerou o projeto esportivo santista pouco atraente. Gabriel diz ter uma mentalidade vencedora e busca um currículo recheado de títulos. Assim, a paixão deu lugar à razão: ele trocou "seu time do coração" pelo time da moda.

O Cruzeiro, de fato, possui um projeto esportivo promissor. Não nos entenda mal: Gabriel tem seus motivos. Hoje, é difícil encontrar um santista que acredite na capacidade do time de brigar por algo. No entanto, assim como Gabriel tomou uma decisão racional, resta ao Santos, no futuro, agir com a mesma racionalidade.

Talvez, como em um livro bem escrito, Gabriel deseje encerrar sua carreira onde começou. Talvez essa iniciativa nem parta dele, mas seu nome certamente será cogitado. No entanto, se aos 28 anos ele já não entrega o desempenho esperado, o que se pode esperar de alguém com mais de 30?

Pessoalmente, acredito que Gabriel ainda tem potencial latente e, hoje, seria um bom reforço para o Santos. Mas, se antes era uma estrela e hoje é apenas bom jogador, lhe resta somente um futuro medíocre.

Se o Santos quiser preservar sua dignidade, amanhã, é melhor deixar o passado no passado.

Heitor